As relações familiares são temas recorrentes trazidos na clínica. Sabemos que os primeiros cuidadores (mãe, pai, irmãos mais velhos, avós, babás etc.) desempenham um papel crucial no desenvolvimento emocional da criança e na sua constituição enquanto pessoa. As experiências vividas com esses membros da família normalmente determinarão a forma como o sujeito fará vínculos ao longo da vida.
À medida que os filhos crescem, a relação muda — ou deveria mudar. Costumo dizer que a relação saudável entre pais e filhos adultos é aquela em que há, de fato, uma relação de “adulto para adulto”. O problema ocorre quando os pais continuam se relacionando com os filhos na perspectiva adulto-criança. Não raro, os filhos também se colocam numa posição infantil nesse vínculo. E por que isso acontece? Sabemos que a criança idealiza os pais. Para ela, os pais são superpoderosos e sabem tudo! Ao crescermos, vamos percebendo (ou, ao menos, deveríamos) que, assim como nós, eles não são senhores da verdade, que erram e têm dúvidas. Esse processo é essencial para que possamos nos tornar adultos de fato, para que consigamos confiar em nossa capacidade de saber o que é melhor para nós.
A relação na perspectiva adulto-criança faz com que continuemos querendo “agradar” aos pais, assim como toda criança faz.
E você? Já tirou a capa de super-herói/heroína dos seus pais?